quinta-feira, 19 de junho de 2008

poema...

eh, mas alguma coisa que eu escrevi durante o ensino médio...tipo, não sigo a linha pessimista de Shopenhauer, foi algo de momento, passageiro...

Vida mal vivida

Noite mal dormida
Dia mal começado
Tempo mal gasto
Horas perdidas
Palavras malditas
Frases mal compreendidas
Sentimentos mal interpretados
Dores contidas
Coração machucado
Amor mal amado

sábado, 14 de junho de 2008

conto...

Esse texto era originalmente uma redação, a última que fiz quando estudei no Colégio Santa Rita, Areia, PB. Fim de 2001, eu terminava o 3º ano científico. A professora pareceu gostar, pois nunca tinha lido uma de minhas redações, em dois anos que foi minha professora, pois ela costumava ler as melhores redações e fazer uma avaliação da nossa forma de escrever. E no seu último dia de aula com minha turma, ela leu as melhores redações mais uma vez, e a minha foi a ultima a ser lida, antes de ela despedir-se da turma, e desejar-nos sorte no vestibular e na vida. Eu modifiquei algo da original, mas o contexto e a história ainda são os mesmos...

Feitiço estrangeiro

Durante a perseguição feita pela igreja a protestantes, ateus, bruxas e etc., na Europa, muitos morreram e muitos fugiram. E o Brasil serviu como refúgio para muitos que precisaram improvisar uma fuga.
Um dos muitos refugiados que vieram para o Brasil foi uma bruxa espanhola conhecida como a Duquesa Dolores. Não era realmente bruxa, mas costumava contestar a igreja católica. Era nobre, e talvez por isso não fosse acusada no começo. Porém as coisas foram mudando, a paciência do clero espanhol começava a se esgotar, e eles acabaram por encontrar um modo de levar a condessa à forca, utilizando de confusas leis para acusá-la de bruxaria.
A Duquesa imediatamente abandonou tudo e fugiu para o Brasil. Lá se instalou na então Capitania do Ceará, escondendo-se numa pequena vila de colonizadores, muito próximo a uma tribo indígena, a Tremembé. Ela teve que viver disfarçada entre os moradores da vila, pois a inquisição também tinha chegado ao Brasil.
Dolores era curiosa por natureza, e ficou maravilhada com a cultura dos Tremembé, tanto que fez amizade com este povo, e passou a conviver com eles. Logo a duquesa fugitiva já se via impreguinada do misticismo daquele povo, e de sua paixão pela terra e pela memória de seus ancestrais. Aos poucos Dolores começava também a homenagear a terra e seus antepassados, através dos rituais que aprendia entre os nativos, e logo foi esquecendo-se do motivo de estar ali.
A comunidade que acolhia Dolores no início incomodava-se de ver a espanhola as voltas com os índios e sua magia, não demorou a espalhar-se o boato de que a estrangeira era uma bruxa. Alguém, logo entregaria a condessa, e assim aconteceu.
Então, a 20 de dezembro de 1735, Dolores enfrentava sua sentença. E no meio da vilinha, em frente á fogueira onde a duquesa havia sido amarrada, e esperava a morte, o inquisidor lia no pergaminho a sentença da estrangeira.
_ Duquesa Dolores de Melilla, acusada de blasfemar contra Deus e a Santa Igreja, poderás alcançar o perdão divino antes de morrer, se aceitares a Deus e negares tudo que proferistes contra a Santa Igreja.
Enquanto o inquisidor lia, o desprezo no coração de Dolores crescia, ela chorava de cabeça baixa, sem entender como o homem podia ser tão cruel. Ao longe, alguns tremembés assistiam impotentes, o sofrimento da mulher.
Ela então levantou a cabeça, cessou o choro e começo a falar:
_ O homem é pretensioso, e não entende os verdadeiros desígnios divinos. Eu amaldiçôo esta terra que me sacrificou e seu povo, viverão através dos séculos sem prosperar, ano após anos passarão por momentos difíceis, e estarão sempre subjugados a vontade estrangeira.
Essas foram as últimas palavras da estrangeira que buscou refúgio na terra de tantas promessas, antes que seu pescoço fosse quebrado e a fogueira acendida.